Instituto Religare iniciou suas atividades com o objetivo especifico de suprir uma demanda identificada ao longo de um processo de 15 anos de trabalho, para a inserção social e cultural de jovens que cumpriam medida sócio educativa. Partindo da experiência vivida com esse público, sobreveio a necessidade em dar continuidade ao trabalho após o cumprimento da medida. Criou-se assim, o Instituto Religare, um espaço para receber os jovens egressos e experiênciar com eles o fazer artístico e o viver em sociedade. Após alguns anos de vivência com o grupo inicial, partimos para a experiência de união com jovens de baixa renda que vinham de diversas comunidades, regiões de alto risco, em busca do fazer artístico. A experiência foi muito bem sucedida. Nosso grupo inicial tem hoje uma apropriação crítica e criativa dentro das atividades com eles desenvolvidas. Ganharam competência cultural e agem como multiplicadores. Hoje somos um centro de encontro, estudo e difusão da cultura, dando continuidade ao atendimento de nosso foco inicial.

RELIGARE - não implica credos, rituais ou instituições. Não implica fiéis e infiéis. Implica basicamente re-conectar-se, com a vida, com o mundo, com o todo. E com seu vizinho.


TRANSITANDO ENTRE EXPERIMENTAÇÕES CULTURAIS:

apeamento e estudo das propostas de Pontos de Cultura.
Luciana Carvalho da Silva
Quando a música era colocada, o “1, 2, 3 e 4” não se fazia mais necessário, a sensação é que a música entrava dentro daqueles corpos formando um único, eles se movimentavam como se fossem um grande e unico corpo, vibrando o mesmo pulso. E, quando um era chamado a se separar do grupo para CRIAR, era como se um pensamento se estendesse daquele corpo, indo buscar algo ao longe, mas mantendo-se conectado ao seu todo.

– Vivência da Oficina de dança Instituto Religare, março de 2009
O Instituto Religare nasceu em 2002 desenvolvendo trabalhos com jovens em situações de risco social, entre eles os de baixa renda, dependentes químicos, ex-internos da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (FEBEM), jovens em liberdade assistida e semi-liberdade da atual Fundação A Casa. Segundo a idealizadora e coordenadora do projeto Valéria Di Pietro, o real início se deu dentro da FEBEM, com a montagem do espetáculo “Em Algum Lugar de La Mancha”. O objetivo do projeto é trabalhar com a arte como estratégia, para que se possa proporcionar através dela a ampliação cultural, aproximação de novas possibilidades profissionais, artísticas e técnicas, suprindo, assim, uma demanda identificada para a inserção social e cultural de jovens em risco social. A parceria firmada com o Ministério da Cultura no início de 2005, tendo durado seu financiamento até julho de 2007, resultou no Ponto de Cultura Arte aos Quatro Ventos. Segundo a coordenadora, a parceria com o Ministério da Cultura proporcionou uma ampliação de propostas para os jovens e para a comunidade do entorno. Assim, no período em que o repasse financeiro era feito pelo MinC foi possível oferecer diferentes espaços de vivências culturais e artísticas para esses jovens, uma vez que havia uma maior facilidade para pagar os “oficineiros”. Ocorreram, então, neste período, além do trabalho teatral, oficinas de dança, de construção de curtas e vídeos e sessões de cinema, que eram oferecidas regularmente para a comunidade. As minhas duas experiências neste espaço foram revigorantes, não sei se essa é a melhor palavra para descrever as sensações, mas foi tamanho o afetamento de estar naquele espaço, de conversar com participantes, com a coordenadora e assistir a leitura de textos, que projetos se formavam e se desconstruíam em mim. A vontade me levava a pensar formas que pudessem fazer com que aquele espaço crescesse, não só em número de participantes, mas em experiências artísticas e culturais para aqueles jovens, pois, era lindo vê-los se entregar ao personagem, ao palco, ao texto, mesmo sem público, sem cenário.