apeamento e estudo das propostas de Pontos de Cultura.
Luciana Carvalho da Silva
Quando a música era colocada, o “1, 2, 3 e 4” não se fazia mais necessário, a sensação é que a música entrava dentro daqueles corpos formando um único, eles se movimentavam como se fossem um grande e unico corpo, vibrando o mesmo pulso. E, quando um era chamado a se separar do grupo para CRIAR, era como se um pensamento se estendesse daquele corpo, indo buscar algo ao longe, mas mantendo-se conectado ao seu todo.Luciana Carvalho da Silva
– Vivência da Oficina de dança Instituto Religare, março de 2009
O Instituto Religare nasceu em 2002 desenvolvendo trabalhos com jovens em situações de risco social, entre eles os de baixa renda, dependentes químicos, ex-internos da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (FEBEM), jovens em liberdade assistida e semi-liberdade da atual Fundação A Casa. Segundo a idealizadora e coordenadora do projeto Valéria Di Pietro, o real início se deu dentro da FEBEM, com a montagem do espetáculo “Em Algum Lugar de La Mancha”. O objetivo do projeto é trabalhar com a arte como estratégia, para que se possa proporcionar através dela a ampliação cultural, aproximação de novas possibilidades profissionais, artísticas e técnicas, suprindo, assim, uma demanda identificada para a inserção social e cultural de jovens em risco social. A parceria firmada com o Ministério da Cultura no início de 2005, tendo durado seu financiamento até julho de 2007, resultou no Ponto de Cultura Arte aos Quatro Ventos. Segundo a coordenadora, a parceria com o Ministério da Cultura proporcionou uma ampliação de propostas para os jovens e para a comunidade do entorno. Assim, no período em que o repasse financeiro era feito pelo MinC foi possível oferecer diferentes espaços de vivências culturais e artísticas para esses jovens, uma vez que havia uma maior facilidade para pagar os “oficineiros”. Ocorreram, então, neste período, além do trabalho teatral, oficinas de dança, de construção de curtas e vídeos e sessões de cinema, que eram oferecidas regularmente para a comunidade. As minhas duas experiências neste espaço foram revigorantes, não sei se essa é a melhor palavra para descrever as sensações, mas foi tamanho o afetamento de estar naquele espaço, de conversar com participantes, com a coordenadora e assistir a leitura de textos, que projetos se formavam e se desconstruíam em mim. A vontade me levava a pensar formas que pudessem fazer com que aquele espaço crescesse, não só em número de participantes, mas em experiências artísticas e culturais para aqueles jovens, pois, era lindo vê-los se entregar ao personagem, ao palco, ao texto, mesmo sem público, sem cenário.